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Saudações amados amigos, sou o Presbítero Junior, estou agora como obreiro na Congregação da II Igreja Congregacional de Campina Grande em São Vicente do Seridó - Paraíba.


segunda-feira, 21 de março de 2011

O DESAFIO DO ALVO DE UMA BOA HERMENÊUTICA

A leitura da bíblia é indispensável para a nutrição espiritual de qualquer crente, seu conteúdo é de cara surpreendente por sua particularidade dos escritos. A composição dos livros que formam a bíblia impressiona por causa da quantidade de autores e o tempo que levou de um escrito para o outro até fecha o canon.

Nos dias atuais a problemática da interpretação é tão comum que muitos não conseguem compreender textos básicos e de fácil interpretação. A exposição da palavra em alguns púlpitos, se é que pode chamar de exposição, em muitos casos é superficial e mesmo herética. Problema identificado, mas não de agora, ao decorrer da historia registra-se um problema de eras.

O desafio do alvo de uma boa hermenêutica é fundamental, pois a revelação de Deus, sua palavra sagrada tá em jogo. Irmãos sinceros e devotos estão relativizando a interpretação das Escrituras, se houve que não precisa mais estudar, pois ao chegar no local de culto se abre a Bíblia ler uma porção e fala sobre o que leu.

Outros buscam nos meios eletrônicos sermões prontos, aplicando-os sem nenhum critério doutrinário, é comum ver pregadores na hora do louvor preparando o que vai falar as ovelhas no domingo à noite e isso remete a o que alguns pregadores sérios e de um ministério centrado na palavra de Deus ensinam o contrario, ou seja, tem que haver muito tempo para estudo.

Os ministros do evangelho de Jesus Cristo são responsáveis pelo uso do tempo. Um sermão pobre geralmente é pobre porque o servo de Deus não usou com sabedoria o tempo kairos que lhe foi destinado. O tempo é sagrado para aqueles que se dedicam ao ministério da palavra. Estes servos gastarão o tempo necessário para estudar as Escrituras, a fim de expô-la com zelo e inteligência. (LACHLER, 1990, p. 65).


O relato histórico conta que ao longo do tempo em que as pessoas experimentavam um avivamento, no que pode compreender de uma volta a Deus, de maneira coerente a sua revelação, por trás estava o exercício piedoso de homens e mulheres, sobretudo da volta ao exame detalhado das Sagradas Escrituras. Um exemplo foi o monge Martinho Lutero, ele reafirmou a doutrina da sola scriptura. Com isso ele rejeitou a hermenêutica tradicional, onde essa interpretação levava em consideração só a alegoria. Lutero então reafirma a forma literal dos textos bíblicos, conhecido como método histórico-gramatical. Outra contribuição foi que Lutero viu a Cristo em toda a Escritura, uma contribuição cristocêntrica.

Logo, os princípios pelo quais a Escritura deve ser interpretada são Cristo, como o centro e Senhor das Escrituras, e a justificação recebida pela fé somente, baseada na graça e obra de Cristo. Assim usando esses critérios, sua interpretação foi radicalmente cristocêntrica. (FERREIRA; MYATT, 2007, p. 98).

Hoje mais do que nunca, o cuidado com a interpretação das Sagradas Escrituras, se faz necessário, em detrimento ao caos doutrinário que a igreja vive hoje. As aberrações de texto colocados para afirmar as heresias são esdrúxulas e de nenhum discernimento. É preciso desenvolver e trabalhar uma interpretação que atinja o alvo, ou seja, uma intepretação do que Deus disse e continua afirmando hoje.

1 TEMPO

A interpretação bíblica ou de qualquer outro texto, é desenvolvida com a contextualização, ou seja, ter em mente que a Bíblia em si só responde ela mesma, então usar toda a Escritura ou parte dela para ver o contexto da passagem que será especificada é um exercício de contextualização e isso claro requer tempo, pois não se pode contextualizar sem que haja leitura e essa leitura não é uma leitura comum, mas com acuidade, com paciência e profunda, isso então requer tempo.
Há a contextualização, politica, econômica, religiosa, geográfica e histórica da época em que o texto foi escrito, então essa demanda requer tempo também, vai-se mais além, requer muito tempo.

O ministério da palavra é certamente cuidadoso e trabalhoso, não é proceder daquele que almeja ser um arauto de Deus, ser relapso no tempo, não utilizando de forma sistemática e perseverante, com meta e objetivo para acurar o que o texto bíblico fala. De acordo com Karl Lachler (1990, p.63) “Quando nos entregamos ao ministério da palavra, o tempo se torna sagrado”.

O tempo no ministério sendo sagrado, ou melhor considerado sagrado, a ética no seu uso se faz necessário, é comum no Brasil falta de ética no uso do tempo, pois para tudo se tem um jeitinho, citar o atraso do pregador na chegada ao culto, ou mesmo o atraso de todos aqueles que o frequentam é normal, mas certamente não é respeitoso não sendo consequentemente ético. Há não ser que o individuo acostumado a fazer isso compreenda a falta de elegância para quem chega atrasado ao evento promovido pelo mesmo.

Os ministros da Palavra não somente precisam ter uma visão ético-teológica da natureza sagrada do tempo, mas também devem demonstra-la na prática. Parece difícil aos pastores programar o tempo que lhes é destinado diariamente. Talvez isso aconteça pelo fato o planejamento parecer uma coisa tão humana, tão destituídas de dimensões místicas ou espirituais. Assim, é raro encontrar um pregador que ore e espere no Senhor para receber orientação mística no planejamento de um piquenique ou de férias. À semelhança de qualquer outra coisa, a ação humana de planejar algo pode ser dedicada a Deus e à sua gloria. (LACHLER, 1990, p. 67).


Levar em consideração o uso ético do tempo, certamente o arauto, usará um método para alcançar o objetivo. O alvo de uma boa hermenêutica certamente está no uso adequado do tempo, considerar esse tempo sagrado, certamente tornará um desafio para os dias atuais, pois, se sabe que é extremante difícil para os que estão no ministério da palavra e tem outras coisas para fazerem e as outras coisas, como: gabinete, visita, seminário, escola bíblica dominical entre outros, tem que haver excelência em todas as tarefas e um bom uso do tempo. O desafio torna-se maior para aqueles que tem trabalho secular.

O tempo usado dentro do ministério é sagrado e seu uso é racional e planejado, mas não desprovido de espiritualidade. Uma vez que o arauto é quem se encarrega de seu próprio tempo, um bom plano e sua observância trará uma conquista dentro da interpretação e consequentemente do seu sermão e aos que iram ouvir.


FERREIRA, Flranklin; MYATT, Alan. Teologia Sistematica, uma analise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007. 1218 p.

LACHLER, Karl. Prega a palavra, passos para a pregação expositiva. São Paulo: Vida Nova, 1990. 131 p.

ZABATIERO, Júlio. Manual de Exegese. São Paulo: Hagnos, 2007. 159 p.

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